Contra as privatizações da TAP, CP Carga e EMEF

Olhos abertos <br>e vontade de ferro

Os processos de privatização da TAP, da CP Carga e da EMEF, desencadeados pelo Governo, estão a ser contestados por trabalhadores e pelas suas estruturas representativas, que intensificam o combate à alienação das empresas da esfera pública.

Estas são lutas de todos os que não aceitam vender a soberania

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Em causa está o interesse estratégico e uma componente estruturante da independência de Portugal, facto que parece ter sido amplamente compreendido no caso da transportadora aérea nacional. Tanto mais que na concentração realizada sábado, 31, convocada pelo Movimento «Não TAP os olhos», trabalhadores, populares e dirigentes políticos e sindicais, entre os quais o secretário-geral da CGTP-IN, deixaram bem claro que a empresa faz falta ao País, o Governo é que não.

Isso mesmo notou o deputado e membro do Comité Central do PCP Bruno Dias, que levou ao protesto a solidariedade do Partido, saudou a convergência verificada e considerou decisiva a mobilização dos trabalhadores da TAP e das empresas do Grupo TAP, em primeiro lugar, mas também de todos aqueles que não aceitam a venda da soberania e o desmantelamento do nosso sector produtivo.

Bruno Dias salientou, ainda, que o Partido tem vindo a apresentar, na Assembleia da República, soluções para a resolução dos problemas da empresa, a qual, insistiu, é de todos nós e deve continuar ao serviço do povo e do País, pública e com todas as suas valências, como factor de desenvolvimento, afirmação de Portugal no mundo e ligação às comunidades portuguesas.

Participante activo do Movimento «Não TAP os olhos», o Sindicato dos Trabalhadores de Aviação e Aeroportos (SITAVA) realçou, por seu lado, que os acontecimentos recentes desmentem o Governo e demonstram que «o tão badalado caderno de encargos “acordado” com alguns sindicatos que abandonaram a luta contra a privatização não é mais do que uma lista de promessas, qual delas mais demagógica».

«Se a isto juntarmos a trapalhada em que o Governo se meteu, afirmando, primeiro, que o tal “acordo” era só para alguns, sendo obrigado, passadas poucas horas, a desdizer-se, (…) fica evidente a dimensão da luta que estamos a travar», considera ainda o SITAVA.

Responder à ofensiva

Na calha para entregar ao grande capital estão, igualmente, a CP Carga e a EMEF. No primeiro caso, tal foi já confirmado pelo presidente do grupo em reunião com organizações representativas dos trabalhadores, informou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário. Isto apesar de o próprio Manuel Queiró admitir que a CP Carga tem melhorado os seus resultados [financeiros], sublinha o comunicado do SNTSF, para quem a privatização, sendo um «objectivo político dos sucessivos governos», significa: a entrega do que é público e devia estar ao serviço do País, aos interesses privados e ao serviço do lucro; o ataque aos trabalhadores e aos seus direitos, e a insegurança nos postos de trabalho.

O sindicato recorda que a luta dos trabalhadores «em defesa da CP Carga, da contratação colectiva e contra os roubos salariais» já deu frutos, nomeadamente na reposição do pagamento do valor do trabalho extraordinário. Pelo que é pela luta, envolvendo numa ampla unidade os trabalhadores e de forma organizada, que se prepara o prosseguimento da intervenção.

Nesse sentido, o SNTSF convocou para o mês de Fevereiro plenários em diversos locais de trabalho: Gaia, Contumil e Leixões, dia 13; Pampilhosa, dia 16; Entroncamento, dia 20; Poceirão, Praias do Sado e Penalva, dia 23; Bobadela, Alhandra e Av. da República, dia 27.

Em relação à EMEF, o processo de retirada desta «empresa estratégica que garante a qualidade e segurança do material ferroviário» também já foi desencadeado, alerta, noutro comunicado o Sindicato dos Ferroviários. O SNTSF garante que «depois da marcha em defesa da EMEF que realizámos entre a Amadora e o Ministério da Economia, vai procurar, em conjunto com a CT, dinamizar novas formas de luta, ainda no mês de Fevereiro». O objectivo é defender «uma EMEF desenvolvida, com trabalho com direitos e criadora de emprego e riqueza em Portugal».




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